SENTIMENTOS blog D'Alzir
O passarinho do vizinho quer entrar no meu quarto.
Sempre que acordo e abro a janela lá está ele a me olhar, saltitando na
gaiola pendurada na parede contígua ao meu prédio. Ele vive pulando do poleiro
de cima para o de baixo, de baixo para cima, dezenas de vezes ao dia, pois não
há espaço para voar na cela onde está.
Repete sempre um canto melódico que mais parece lamentos sonoros do que
alegria. Que vida!
O quer faz um passarinho ser preso. Seu cantar? Sua Beleza?
Nem seu dono será capaz de dar uma resposta convincente para justificar
tal atitude. Vejo no jardim ao lado um beija-flor voando entre os arbustos
solvendo o néctar das flores que beija. Mais além, pardais num alegre gorjear,
catam no chão seus alimentos.
Volto a olhar para a gaiola e lá está o passarinho do vizinho,
prisioneiro de um animal humano egoísta. Que vida! Sem vida.
Às vezes o passarinho gruda seus pezinhos na grade lateral da gaiola e
fica calado olhando para mim.
Com um binóculo fui observar mais de perto os movimentos da pequena ave.
Apareceu então um passarinho voando, pousou na gaiola pelo lado de fora e
passou a comer alpiste enfiando o bico no comedouro através da grade.
O outro pulou para o poleiro de cima e ficou olhando o intruso comer os
grãozinhos da sua alimentação. Este, depois de nutrido, voou para o espaço que
a natureza criou para todos os seres vivos usufruírem e escafedeu-se.
O passarinho da gaiola saltou angustiado para a grade em frente a mim
onde ficou calado a me olhar.
Ajustei o foco do binóculo e olhei com mais atenção, então uma tristeza imensa invadiu minha alma. Nos olhos do passarinho, vi lágrimas.
Ajustei o foco do binóculo e olhei com mais atenção, então uma tristeza imensa invadiu minha alma. Nos olhos do passarinho, vi lágrimas.
Comentários
Postar um comentário